Exposições são construções de narrativas feitas por objetos, imagens, sons e textos que contam histórias, despertam memórias, fortalecem pertencimentos e geram reflexões.
São recortes de um todo inatingível.
Sempre haverá escolhas para o que deve ser lembrado. A história de Petrópolis poderia remontar ao ano de 1843, ou a 1845 e à chegada dos colonos germânicos, ou ainda a tempos mais remotos, quando indígenas habitavam originalmente essas terras, tropeiros circulavam com o ouro extraído das Minas Gerais e negros escravizados trabalhavam nas fazendas da região.
Aqui, entretanto, para celebrarmos os 180 anos de Petrópolis e os 80 anos de inauguração do Museu Imperial, optamos por apresentar“A Petrópolis do Museu Imperial”: uma visão da cidade nas décadas de 1930 e 1940, quando se somaram esforços para as celebrações de seu centenário, marcado pela profunda tensão entre “a tradição” e “os tempos modernos”.
As batalhas pela memória mobilizaram intelectuais ligados à Academia Petropolitana de Letras, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e, depois, ao Instituto Histórico de Petrópolis, que contaram com o apoio e a participação do poder público, representado pelos prefeitos que aderiram à causa da formação de um museu histórico e de uma comissão encarregada das pesquisas, das publicações e dos festejos.
Os debates acabariam por definir o Decreto Imperial n.º 155 e o 16 de março como a data de fundação da Povoação-Palácio de Petrópolis, ressignificando a memória de d. Pedro II. O contexto foi propício para o encontro de duas trajetórias políticas: a de Alcindo de Azevedo Sodré, que se tornaria o primeiro diretor do Museu Imperial, e a de Getúlio Vargas, presidente da República, cuja gestão cultural favorecia os interesses locais para a criação de um museu do império na cidade.
Petrópolis passava por profundas transformações,projetava-se nas construções, na vida social, no trabalho, na política e caminhava rumo ao futuro. Ao mesmo tempo, se organizava, optando porenaltecer o seu passado imperial, cuja culminância foi a criação do Museu Imperial, em 1940, e a sua abertura ao público, em 16 de março de 1943.
O Museu Imperial e a Prefeitura Municipal de Petrópolis renovam a parceria inaugurada nos anos 1930-1940, quando o Museu Histórico de Petrópolis foi extinto e todo o seu acervo transferido para a recém-criada instituição,refazem parte desse cenário e convidam todos os visitantes para conhecerem esses “tempos modernos”, suas luzes, suas lutas, suas dores, suas alegrias e suas esperanças.
Em 16 de março de 2023, lembramos, celebramos e agradecemos o passado que, pavimentado por significativas mudanças,produzidas por agentes sociais reconhecidos e anônimos, nos trouxe até aqui.
Perspectivas de ontem, que se fortalecem na relação entre passado, presente e futuro: horizonte de expectativas constantemente renovado.
Alessandra Bettencourt Figueiredo Fraguas
Ana Luísa Alonso de Camargo
Claudia Maria Souza Costa
Curadoras